KUNG FU/ESTILOS

KUNG FU


O termo "Kung Fu" é aplicado as artes marciais Chinesas a séculos e pode ser traduzida como 'Maestria', 'Habilidade, eficiência', 'Domínio alcançado com o tempo' , 'Trabalho duro' e muitos outros significados.

Os autores mais respeitados traduzem como "Tempo de Habilidade" e usam-na para designar as pessoas que tenham dedicado por um longo tempo ao domínio técnico de uma disciplina até o ponto em que possam expressá-las com o máximo de habilidade.

No oriente a palavra Kung Fu nunca é utilizada para designar a arte marcial; dá-se preferência ao uso de dois termos.

Wu Shu - (Wu = Guerra e Shu= Arte)

Kuo Shu -(Kuo = Nacional e Shu = Arte)

O termo Wu Shu possui uma conotação superior àquela que é atribuída a Kuo Shu.

As palavras Wu Shu servem para designar todas as artes guerreiras, militares ou marciais.

Segundo historiadores e arqueólogos chineses sua história conta com mais 3500 anos. Suas origens são lendárias, e segundo elas, resultou dos embates entre os humanos e animais selvagens. Lembramos que são apenas lendas, não existe nada comprovado. Até porque naquela época não havia registros. A arte do Kung Fu ou Wushu como dizem na China é muito popular no mundo todo.

No Kung Fu existem muitos estilos. Estima-se que são mais de 1000, é claro, que muitos se perderam com o passar do tempo. Mas entre os que estão ativados, uns são fundamentados em animais e outros não. As características mais fortes nos métodos de prática dos movimentos estão na divisão regional, devido às diferenças geográficas.

Apesar da China ser um País com diversos tipos de relevo e com todos os seus pontos cardeais naturalmente, no Kung Fu para facilitar dividiu-se em apenas norte e sul.

O norte Chinês é mais montanhoso, com um clima obviamente mais frio. Os chineses do norte utilizavam-se de roupas mais grossas para melhor proteção do frio e possuíam as pernas fortalecidas devido à convivência nas montanhas. Sendo assim desenvolveram um Kung Fu de movimentos mais amplo, de forma a não ser atrapalhados pelas grossas roupas que coibiam alguns movimentos. Valorizaram bastante os chutes, principalmente os mais altos aproveitando as pernas bastante fortes devido aos locais montanhosos em que viviam.

O sul Chinês possui relevo um pouco mais plano em relação ao norte, com maior abundancia de rios e chuvas, com temperaturas mais elevadas. Por esta razão os estilos de Kung Fu do sul da china desenvolveram-se com características diferentes aos do norte.

As bases de pernas são mais baixas, ou seja: mais plantado ao solo, adaptando-se a situação geográfica da região sul daquele País. Com chutes mais baixos e fortes sempre priorizando as pernas e o baixo ventre e em menor quantidade, valorizando mais o uso dos braços, com socos, arremessos e agarramentos mais rígidos, visando um término de luta mais breve.

Esta é apenas uma pequena discrição nas divisões que digamos mais marcantes entre os estilos do Sul e Norte da China. Naturalmente existem outros fatores que se fazem pertinentes sobre as diferenças estratégicas nas aplicações de suas técnicas, principalmente costumes, filosofias, religiões e culturas regionais etc.

O Kung Fu não é simplesmente conhecido como uma forma saudável de exercícios físicos e sistema de defesa pessoal altamente eficiente, mas, também mostra ser um benefício mental e espiritual ao praticante. O corpo de um indivíduo não pode agir sem a interferência da mente, e a mente deve ser orientada a acalmar o espírito. A prática do verdadeiro Kung Fu exige que os ensinamentos influenciem no dia-a-dia (modo de vida integral), em cada aspecto da vida do praticante. O Kung Fu une mente, espírito e corpo. Habilita ações harmoniosas entre os elementos da vida de um ser humano.



ESTILOS


Shao Lin Norte

Um dos estilos mais famosos e conhecidos, o Shao Lin Norte foi criado a partir de técnicas desenvolvidas dentro do Mosteiro Budista de Shao Lin.

Fundado em 495 pelo Imperador Xiao Wen (471 a 500), o mosteiro de Shao Lin foi construído bem próximo a uma floresta (Shao = jovem; Lin = floresta) no sopé da montanha Song, na província de Henan, entre as cidade de Zhengzhou e Luoyang (antiga capital do império chinês), ao norte do Rio Amarelo (Huang He).

O primeiro abade foi o monge indiano Badhra (Batuo), e o único propósito do mosteiro de Shao Lin era de se tornar o mais importante centro para o estudo, desenvolvimento e ensino do budismo em toda a Ásia. Considerado também como centro de peregrinação, o mosteiro de Shao Lin recebeu monges budistas de toda a Ásia (Índia, Ceilão, Pérsia).

No que diz respeito às artes marciais chinesas e o mosteiro de Shao Lin, existem muitas lendas; a mais conhecida é da passagem do monge Bodhidharma (Damo) pelo mosteiro. Vigésimo oitavo patriarca do budismo Mahayana (Grande veículo) e primeiro patriarca do budismo Chan (Zen), Bodhidharma nasceu no Ceilão, dentro de uma família nobre, converteu-se ao budismo e mais tarde tornou-se aluno de Prajnatara. Bodhidharma chegou a China em 475, peregrinou por diversos templos ao sul e recolheu-se ao mosteiro de Shao Lin, por volta de 520, para substituir o então abade Bodhiruci.

Bodhidharma ensinou aos monges de Shao Lin os primeiros exercícios respiratórios para aumentar a resistência física e concentração exigidas pelos longos períodos de meditação. Alguns afirmam que mais tarde estes exercícios, combinados a técnicas de combate praticadas na região dariam início as primeiras formas de arte marcial de Shao Lin.

Depois de anos e anos de história, os monges de Shaolin aprenderam técnicas de combate corporal e de armas e desenvolveram técnicas próprias que os tornaram conhecidos e temidos. Os ensinamentos eram reservados aos monges, mas em 1650 o então abade Chiu Jin permitiu que leigos aprendessem alguns estilos reservados aos monges. Um dos primeiros destes leigos foi Kan Fon Si, que mais tarde tornou-se um herói na história da China pela luta contra a opressão dos Qing.

O legado marcial de Gan Fenchi passou por quatro gerações até chegar a Ku Yu Cheong, que aprendeu as técnicas oriundas de Shaolin com um amigo do pai. Ku Yu Cheong se tornou famoso pela sua técnica de "palma-de-ferro" e ingressou como instrutor na Academia Central de Nanking em 1928. Lá aprendeu Tai Chi Chuan, Pa Ki e espada Mou Dong com Li Kin Lam, e Pa Kua e Sing I com Sun Lok Tong.

Mais tarde Ku Yu Cheong foi convidado a representar a Academia Central em Cantão juntamente com outros mestres famosos. Mais tarde abriu a sua própria escola e resolveu dar o nome "Shao lin do Norte" às técnicas que ensinava; a explicação para o nome era porque o estilo reunia somente os melhores estilos do norte da China, como : "As dez rotinas de Shaolin", Tai Chi Chuan, Pa Kua, Hsing I, Tam Tui, Cha Kuen, as armas e o chikung "Pequeno sino de ouro".

Ku Yu Cheong teve diversos alunos, dentre os quais Yim Sheung Mo se destacou consideravelmente. Yim Sheung Mo treinou diretamente com Ku Yu Cheong e pode aprender Luo Hap e Zhuran Men com Mong Lai Sin. Yim Sheung Mo residiu até o final da sua vida em Hong Kong, onde ensinou a muitos alunos. O que mais se destacou foi Chan Kowk Wai, representante do estilo Shaolin do Norte.

O estilo principal, "As Dez rotinas de Shaolin", se divide em formas de mãos e armas, perfazendo um total de dez formas de mão e mais de vinte e cinco armas diferentes, cada uma com uma ou duas formas aproximadamente. Suas características marcantes são ataques longos e curtos, de mãos e principalmente de pés, cotovelos, rasteiras e quedas. A força e técnica empregadas nos movimentos denotam a eficiência sendo considerado o mais completo de todos os estilos de arte marcial chinesa.



Choy Lei Fat (Tigre)

Originário do Sul da China, este estilo foi criado por volta do século XIX por Chan Heung (Chen Xiang), nascido em 1806 na aldeia de King Mui, província de Sun Wui, Cantão.

Chan Heung iniciou o seu aprendizado com o seu tio, Chan Yuen Wu, que fora aluno dos monges do mosteiro de Fukien (Fujian), com quem treinou por dez anos.

Aos dezessete anos de idade, seu tio o apresentou ao mestre Lei Yau San, que também fora aluno do mosteiro de Fukien e herdeiro dos conhecimentos do monge Lei Shi Kai, representante do estilo Lei Gar e um dos sobreviventes da destruição do mosteiro de Shaolin em 1736.

Após cinco anos de aprendizado com Lei Yau San, Chan Heung foi apresentado a Choy Fok, monge sobrevivente da destruição do mosteiro de Fukien. Chan Heung foi aceito como aluno e aprenderam com Choy Fok conhecimentos de budismo, meditação, medicina tradicional, chi kung e por fim as técnicas marciais de Fukien. Numa demonstração de força, o monge Choy Fok pediu a Chan Heung que deslocasse uma grande pedra com um chute - Chan Heung conseguiu o feito, mas Choy Fok foi mais longe e partiu a pedra de mais de cem quilos em duas.

Retornando a sua cidade natal, Chan Heung recompilou todos os 23 anos de aprendizado num único estilo; O nome do novo estilo se originou da união dos sobrenomes dos seus mestres, Choy (Choy Fok) e Lei (Lei Yau San); a palavra Fat (Buda) foi dada em homenagem aos monges responsáveis pelo desenvolvimento de muitos estilos de arte marcial chinesa. Junto com sua escola, Chan Heung abriu uma clínica médica para cuidar dos doentes menos favorecidos da região.

Existem dois ramos da escola Choy Lei Fat; o Hung Sing (Xiong Sheng), ramo original de Chan Heung difundido e praticado em todo o mundo até hoje e o Bak Sing (Bei Sheng), modificado por Chan On Par (Chen An Bai) e que ganhou notoriedade na década de 20 através de Tam Sam (Dan San).

Composto por movimentos combinados de chutes e socos, rápidos, fortes e curtos, e alguns até simultâneos, a característica singular do Choy Lei Fat são as bases baixas e técnicas de ataques e defesas de muita eficência e objetividade. O estilo Hung Sing possui dez formas de mãos-livres e o Bak Sing três formas de mãos-livres. As armas do estilo são: bastão, bastão-pescador, facão, facas-borboleta, tridente, san tchi kwan, leque, gan e banco.


Tai Chi Chuan

A criação do Tai Chi Chuan é cercada por diversas lendas que foram passadas adiante através do tempo. Uma delas, onde um monge taoísta do século 12, chamado Zhang San Feng foi visitado pelo "Espírito da Montanha Mou Tong", que o ensinou as técnicas de artes marciais que mais tarde seriam conhecidas como o Tai Chi Chuan. Apesar de todas as lendas, a história coerente a ser traçada numa linha do tempo encontra suas origens no condado de Wenxian, na província de Henan. Chen Wangting, do vilarejo de Chen Jiagou, e Jiang Fa, que estudou artes marciais em Shanxi e morou na vila de Xiaoliu, ambos de Wenxian.

Independente do verdadeiro criador, o Tai Chi Chuan encerra três princípios básicos.

1. A assimilação do fundamentos e a prática em formas tradicionais de Wushu. Os fundamentos do Tai Chi Chuan possuem muitas posturas e movimentos encontrados em outras artes marciais tradicionais chinesas da época.

2. A assimilação dos métodos tradicionais de cultivo da saúde. O Tai Chi Chuan demonstra ser um dos mais recentes desenvolvimentos dentro do processo gradual que se estendeu por séculos, combinando o wushu com formas tradicionais de exercícios internos, meditação e exercícios calistênicos para melhorar a saúde e atingir a longevidade. Estes envolviam relaxamento, concentração e técnicas respiratórias. Muitos destes elementos podem ser vistos dentro do Tai Chi Chuan.

3. A assimilação das teorias clássicas de medicina e filosofia. O Tai Chi Chuan, como muitos dos exercícios acima mencionados, adotou as teorias tradicionais da medicina chinesa para promover o Qi, ou energia vital, que circula pelo corpo humano para assegurar um ótimo funcionamento para os orgãos internos. Quanto a parte filosófica, o Tai Chi Chuan está intrinsicamente ligado ao Ba Gua e outras tradições taoístas.

Apenas os estilos abaixo são reconhecidos oficialmente como estilos tradicionais de arte marcial chinesa. Existem outros estilos de Tai Chi Chuan, como os simplificados (de 24, 48, 66 e 88 movimentos) que têm por base o estilo Yang, mas não são tradicionais.

Estilo Chen - Esta é a forma original do Tai Chi Chuan, proveniente de Henan, desenvolvida pela família Chen e só chegou em Beijing em 1928. Este estilo ainda mantém alguns dos saltos, pisões, explosões de energia e movimentos fortes e graciosos. Com muitas voltas e torções, a sua prática é difícil e cansativa.

Estilo Yang - Desenvolvida a partir do estilo Chen por Yang Luchan, a forma existente nos dias de hoje foi desenvolvida pelo seu neto, Yang Chengfu. Sendo o estilo mais popular e conhecido na China e no resto do mundo, os seus movimentos são proporcionais e relaxados.

Estilo Wu - Desenvolvido em Beijing por Wu Quanyou e o seu filho, Wu Jianquan, baseada na prática do estilo Yang por ambos. Desbancada pela popularidade da escola Yang, a escola Wu têm os seus movimentos como suaves, lentos e compactos.

Estilo Hao - Desenvolvido originalmente por Wu YuXiang que estudou em Henan o estilo da família Chen. Hao Weizhen, discípulo de Wu, levou o estilo até Beijing. Suas características principais são a simplicidade e clareza, nos movimentos lentos, suaves e compactos, bases mais altas e caminhar restrito.

Estilo Sun - No final da dinastia Qing, Sun Lutang estudou Xingyi Quan, Bagua Zhang, e, em seguida, Tai Chi Chuan estilo Hao e assim desenvolveu o seu próprio estilo. Os movimentos são ligeiros e leves, utilizando métodos de abrir e fechar as mãos. Uma característica marcante do estilo Sun é a ligeira movimentação de base.


Pa Kua

O Pa Kua é baseado na teoria dos Oito Trigramas do Livro das Mutações (Yi Jing, ou popularmente I Ching). Ao executar as formas do estilo, o praticante se movimenta dentro de um círculo imaginário, alternando padrões de movimentação retilínea e circular de oito passos; as formas do Pa Kua são extremamente complexas e longas.

Criado durante a dinastia Qing (1644 a 1912), a identidade do seu verdadeiro criador é obscura. Tem-se registro de que o primeiro mestre de renome a difundir o Pa Kua abertamente foi Dong Hai Chuan, e o estilo se tornou popular através de dois de seus alunos: Cheng Ting Hua e Yin Fu. Sun Lu Tang também contribuiu de forma significativa para o desenvolvimento e difusão do Pa Kua na era moderna.

As técnicas são semelhantes as do Tai Chi Chuan e incluem ataques de mão aberta e fechada, torções e chaves, chutes, rasteiras e projeções (quedas). As formas predominantes são as de mãos livres, mas o estilo conta com formas de armas (lança, espada, facão, e facas rabo-de-peixe).


Hsing I

Criado em torno de 1600 por Kee Lung Fong, o Hsing I tem as suas origens no estilo Luo Hap, originário do Mosteiro de Shao Lin. Kee Lung Fong, especialista nas técnicas de combate com a lança, criou um estilo próprio de combate usando somente as mãos e os pés, e o ensinou para algumas pessoas; porém o estilo se tornou conhecido através de Kwok Wan Sam (Guo Yun Shen), mestre e herdeiro da quinta geração do Hsing I.

Existem muitas escolas de Hsing I, cada uma com características distintas, mas as três principais são Hebei, Shanxi e Henan.

A movimentação das formas do Hsing I são predominantemente lineares; o praticante movimenta-se coordenando o corpo todo durante a execução das formas. As mãos, os pés e o tronco se movimentam em conjunto, e a cabeça, mãos e pés estão sempre alinhados pelo mesmo eixo vertical. Os braços ficam posicionados em frente ao corpo e o praticante sempre deve estar sempre alinhado com parte frontal do adversário. Existem algumas técnicas de chute dentro do estilo.

É dada grande ênfase na habilidade de gerar energia com o corpo inteiro e direcioná-la em uma única descarga, liberada num único movimento explosivo. As técnicas possuem características agressivas e o praticante de Hsing I prefere se movimentar para dentro do adversário, com um ataque fulminante e decisivo na primeira oportunidade. O estilo prima pela economia de movimentos e o conceito de ataques e defesas simultâneos. Como está implícito no nome, a forma ou sequência dos movimentos é só uma manifestação física do intento do praticante. O princípio fundamental de todas as escolas e estilos de Hsing I são de que a mente controla tudo e guia os movimentos do corpo.



Tam Tuí

O Tam Tui tem origens no século XVII, mais provavelmente dentro da etnia Hui (muçulmanos), juntamente com outro estilo classificado como "punho long" chamado Cha Kuen. Alguns historiadores também atribuem a criação do Tam Tui aos monges do templo budista Longtan (Lago ou poço do dragão), localizado em Jiyuan.

Outra corrente de pesquisadores e historiadores afirma que o estilo sofreu influência por parte do mosteiro de Shaolin.

O estilo era dividido originalmente em um grande conjunto de rotinas com socos, chutes e rasteiras mas hoje é dividido em dois grupos, um com dez formas e o outro com doze formas, cada uma com elementos distintos, e se caracteriza pela repetição retilínea predominante de movimentos executados sempre para ambos os lados. Os chutes fortes abaixo da cintura são a principal característica deste estilo, originando daí o seu nome, Tan Tui (Pernas que saltam).



Fan Zi Ying Zhao (Garra de Águia)

Criado em torno de 1149 por Li Quan Seng (Lai Chun) , o estilo Fan Zi Ying Zhao (Garra de Águia) tem o seu nome, como muitos outros estilos que fazem referencias a animais, diante da diversidade do treinamento de técnicas de Qinna (imobilizações e torções) que sugerem a agilidade, força e precisão da águia.

Famoso por suas 108 técnicas de chaves e pegas, os treinamentos específicos para desenvolver a força das mãos e braços do praticante, em conjunto com as técnicas das formas existentes dentro do estilo, o praticante poderá imobilizar o seu adversário sem o menor esforço. Combinadas com ataques de mão e pernas, as chaves tornam-se mais úteis ainda para complementar o estilo.



Ton Lon (Louva-deus Sete Estrelas)

Estilo muito popular e difundido em todo o mundo, foi criado em torno de 1640 por Wong Long. Natural da província de Shandong, Wong Long já possuía conhecimento de técnicas de esgrima e lutava contra a opressão da dinastia Ming. Por este motivo, Wong Long viajava por toda China em busca de novas e eficientes técnicas de combate. Wong Long viajou por muitos lugares, estando e treinando durante um tempo no mosteiro de Shaolin em Henan.

A lenda que deu origem ao louva-a-deus se deu quando Wong Long perdeu um combate para um monge seu colega. Confuso e perplexo com a derrota, Wong Long meditava desesperadamente, a procura de uma solução para melhorar as suas técnicas de combate. Num destes momentos de meditação, Wong Long foi distraído pelo combate entre um louva-deus e uma cigarra. O louva-a-deus, menor e mais frágil, derrotou a cigarra em poucos instantes. Wong Long capturou o louva-a-deus e começou a observar os movimentos do animal, repetindo-os passo a passo e adaptando para o combate, criando assim um estilo de arte marcial chinesa eficiente.

Com o passar dos anos, o legado de Wong Long foi aperfeiçoado e desenvolvido por diversos mestres de renome, o que deu surgimentoe formação de vários estilos de Louva-a-deus: Chat Seng (sete estrelas), Mui Fah (Flor de ameixa), Baan Gwong (Tábua brilhante), Lok Hap (seis coordenações), Tai Kek (Supremo), Bei Mun (recluso), Baat Bo (oito passos), Jeung Kuen (Punho longo), Tung Bei () e outros menos conhecidos.

O maior nome do Louva-deus foi o Grão-mestre Wong Hon Fan, que ensinou o estilo durante muitos anos na Associação de Artes Marciais de Hong Kong, formando muitos professores.

O Ton Lon (Louva-deus Sete Estrelas) possui aproximadamente trinta formas de mãos livres e seis formas de armas, e as suas técnicas são compostas por movimentos rápidos, curtos e precisos, onde o atacante penetra por dentro da guarda do adversário, utilizando técnicas de socos, cotoveladas e chutes curtos, que quase sempre culminam com a projeção do adversário ao solo.



Luo Han

Estilo originário do Monastério de Shao Lin, a data da sua criação é totalmente imprecisa, já que as suas técnicas se misturam com algumas formas de outros estilos oriundos do próprio mosteiro.

Praticado apenas pelos monges responsáveis pela proteção do Monastério e dos salões de meditação, Luo Han se traduz para arhat ou arahat (em sânscrito, merecedores, ou dignos e merecedores). Os arhats são monges da corrente budista Hinayana que já alcançaram o Nirvana (objetivo do budismo - iluminação), se libertando de futuras encarnações, sendo desta forma os defensores e protetores do Dharma.

São dezoito arhats, sendo dezesseis indianos e dois chineses, e os seus nomes são: 1. Pindola, o Bharadvaja; 2. Kanaka, o Vatsa; 3. Pindola (segundo); 4. Nandimitra; 5. Vakula; 6. Tamra Bhadra; 7. Kalika; 8. Vajraputra; 9. Gobaka; 10. Panthaka; 11. Rahula; 12. Nagasena; 13. Angida; 14. Vanavasa; 15. Asita; 16. Pantha; 17. Ajita e 18. Pindola (Polotoshe).

Em muitos templos, podemos encontrar nas entradas das salas de meditação estátuas dos arhats, como que num aviso de que os protetores do Dharma estão em todos os lugares, e atentos a tudo.

Estilo composto por técnicas corporais, os movimentos de ataque e defesa são rápidos, objetivos e precisos. As técnicas exigem flexibilidade e força para a sua execução.



Luo Hap

Chamado de seis uniões, ou seis harmonias, o Luo Hap foi criado dentro do Mosteiro de Shao Lin.

O conceito "físico" das seis uniões é muito amplo e utilizado de forma geral em muitos estilos de arte marcial chinesa, no que diz respeito às seis articulações do corpo humano; articulação do pulso, cotovelo, ombro, tornozelo, joelho e bacia. Este conceito se aplica de duas formas: na prática constante do alinhamento perfeito destas articulações para que a técnica possa ser executada com perfeição e o golpe tenha força total, e na segunda forma, em que o ataque seja dirigido a uma destas articulações.

O conceito "imaterial" das seis uniões envolve o uso da energia vital Chi, e se

aplica no seguinte ditado do Luo Hap:

"Os olhos acompanham a mente, a mente acompanha o Chi;

O Chi acompanha o corpo, o corpo acompanha as mãos;

As mãos acompanham os pés, e os pés acompanham os quadris."

Alguns estudiosos fazem um elo do Luo Hap com o Hsing I, tanto nos conceitos de aplicação de força Ging como na movimentação, dinâmica e utilização do conceito das "seis uniões".

Movimentos fortes, com pisões, alternando técnicas de chutes e socos, faz do Luo Hap um estilo poderoso, com uma ampla gama de possíveis movimentos de ataque e contra-ataque, alternando entre movimentos suaves e explosivos.



Zhuran Men

Conhecido como estilo natural, o Zhuran Men é considerado como um conjunto de técnicas marciais de fácil utilização. Com data de criação ou surgimento imprecisa, na sua genealogia o primeiro a divulgar o estilo foi um eremita chamado Xu Zu Si, conhecido como Pequeno Xu. Seu aluno mais famoso foi Du Xin Wu, oficial militar do governo chinês e chefe da segurança presidencial.

O Zhuran Men ganhou notoriedade e popularidade através de Mong Lai Sing, aluno e herdeiro dos conhecimentos de Du Xin Wu. Nascido em 1903, Mong Lai Sing iniciou o seu treinamento aos dezessete anos aprendendo Luo Hap, e, ávido por aprender de grandes mestres, procurou Du Xin Wu, com quem treinou sete anos ininterruptos; aprendeu Luo Han com Liu Bai Chuan, Hsing I com Wang Xiang Zhi e Pa Kua com Wang Rong Biao. Apesar da tenra idade, a dedicação de Mong Lai Sing era tamanha, e este foi convidado para lecionar o Zhuran Men e o Luo Hap na Universidade de Pequim (Beijing).

O Zhuran Men é composto apenas por algumas poucas formas de mãos livres, técnicas e fundamentos simples e objetivos, meditação e exercícios de Qigong.



Pa Ki

Criado em torno de 1630 pelo monge Ng Jung, o Pa Ki só começou a adquirir fama em 1890 através do Mestre Li Syu Man.

Existem algumas interpretações sobre o sentido do nome do estilo. A primeira afirma que o praticante deve compreender que deverá treinar oito partes do seu corpo até a perfeição; cabeça, ombros, cotovelos, mãos, quadris, joelhos, tornozelos e pés. A segunda interpretação afirma que o praticante deverá projetar a sua energia interna para oito direções diferentes enquanto executar as técnicas do Pa Ki.

Estilo prático e eficiente, aparenta movimentos de fácil execução porém a movimentação corporal é extremamente complexa. Os movimentos são rápidos e diretos, com ênfase na utilização de Fat Ging, emissão de energia interna.

Quando em combate, o praticante se aproxima do oponente para utilizar ataques de curta distância. O praticante utiliza continuamente as oito partes do corpo em todas as direções, e cada movimento e técnicas se tornam mais e mais fortes.